Olhos
Não há mãos que se tocam,
apenas olhos.
Uns, quase sempre,
meigos, doces, brincalhões,
prometem mil coisas.
Acariciam, aquecem, repousam,
permitem, convidam, consolam.
Mas também, cruéis,
vidrados, semi-cerrados,
de gavião observando a presa,
prontos para o ataque.
Outros, hipnotizados,
mergulham nesse olhar,
nesse abismo, nesse mar...
Se deixam levar até o fundo
e, numa doce agonia,
dormir, sonhar,
quem sabe até...
morrer.
Alter-ego
Fugir...
Ficar...
Prá quê?
Por quê?
Prá não sucumbir,
reagir...
Prá não submergir,
emergir.
Prá que ela
não venha à tona,
e eu nunca mais
possa voltar...
Prá que ela
não tome meu lugar.
Ela, que
nunca imaginei conhecer...
que dirá conviver.
Tão escondida...
tão parecida
e tão diferente,
que nem pensei
parte de mim...
Tenho medo e mesmo assim,
torço por ela.
Mas logo me arrependo...
Quanto mais forte fica,
Eu mais fraca, e
lá no fundo me deixando ficar...
Porquê acordá-la?
Porquê o permiti?
Ela sou eu...
Eu sou ela..
Que brinca feito criança,
inconsequente...
E feito mulher,
ri do seu prazer.
E cresce, cresce...
enquanto me escondo.
Até quando?
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Oi! Seja bem-vindo(a)! Obrigada por sua visita. Se gostou ou achou algo interessante, deixe aqui seu comentário.