terça-feira, 12 de outubro de 2010

Do fundo do baú...

Olhos

Não há mãos que se tocam,
apenas olhos.
Uns, quase sempre,
meigos, doces, brincalhões,
prometem mil coisas.

Acariciam, aquecem, repousam,
permitem, convidam, consolam.
Mas também, cruéis,
vidrados, semi-cerrados,
de gavião observando a presa,
prontos para o ataque.

Outros, hipnotizados,
mergulham nesse olhar,
nesse abismo, nesse mar...
Se deixam levar até o fundo
e, numa doce agonia,
dormir, sonhar,
quem sabe até...
morrer.


Alter-ego

Fugir...
Ficar...
Prá quê?
Por quê?

Prá não sucumbir,
reagir...
Prá não submergir,
emergir.

Prá que ela
não venha à tona,
e eu nunca mais
possa voltar...
Prá que ela
não tome meu lugar.

Ela, que
nunca imaginei conhecer...
que dirá conviver.
Tão escondida...
tão parecida
e tão diferente,
que nem pensei
parte de mim...

Tenho medo e mesmo assim,
torço por ela.
Mas logo me arrependo...
Quanto mais forte fica,
Eu mais fraca, e
lá no fundo me deixando ficar...

Porquê acordá-la?
Porquê o permiti?
Ela sou eu...
Eu sou ela..
Que brinca feito criança,
inconsequente...
E feito mulher,
ri do seu prazer.
E cresce, cresce...
enquanto me escondo.

Até quando?

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